TESTAMENTO
DE
JOÃO ALVES DE ARAÚJO. (
Arquivado no Museu Regional de São João del-Rei na
caixa 07
Número de folhas originais : 105
Testamenteiro : JOSÉ ANTÔNIO NOGUEIRA.
Redigido : Fazenda do Pinheirinho em 15/NOV/1815.
Data de abertura : 04/DEZ/1815 em Barbacena.
Transcrito por : Flávio Marcos dos Passos a pedido de Luis
Antônio Villas Bôas.
Data da Transcrição : ABR/2003.
Objetivo: Dados Genealógicos.
FL. 03
Em nome de Deus, Amém.
Eu JOÃO ALVES DE ARAÚJO filho legítimo de
JOÃO ALVES DE ARAÚJO e de ANA ANTÔNIA DE SÃO
JOSÉ, já
falecidos e natural e batizado na Freguesia da Vila de Barbacena deste
Bispado
de Mariana faço meu testamento na forma seguinte.
Primeiramente encomendo minha alma a Santíssima Trindade Padre,
Filho e Espírito Santo em quem creio e confesso a todos os
artigos que assente a Madre Igreja Católica me propõe
para crer e nesta santa fé quero viver e morrer e
rogo ao Padre eterno queira receber a minha alma assim como recebeu de
seu
unigênito filho e rogo também a Virgem Maria e Senhora
Nossa do Monte do Carmo seja minha advogado perante seu amado filho, o
anjo da minha
guarda e ao santo do meu nome e a todos os mais santos da corte do
céu
queira me deter naquele trânsito. Declaro que sou indígno
Irmão
da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas e dos Passos
de
Nossa Senhora do Rosário e Boa Morte desta Freguesia de
Barbacena
e do Senhor de Matosinhos e Terra Santa e Senhora do Monte do Carmo e
de
todas estas só de Nossa Senhora do Rosário sou remido a
quem
meus testamenteiros pagará os anuais em uzados e os mais que eu
dever
as mesmas. Nomeio para meus testamenteiros em primeiro lugar a LEANDRO
PEREIRA
BAHIA, em segundo lugar a JOSÉ ANTÔNIO DE CASTRO
GUIMARÃES e em terceiro lugar a JOSÉ ANTÔNIO
NOGUEIRA e em quarto lugar ao Capitão JOSÉ RIBEIRO DE
ALMEIDA aos quais cada um por si em solidão queiram ser meus
testamenteiros a quem peço pelo amor de Deus queiram aceitar
esta minha testamentária e deixo de prêmio ao que
aceitar esta minha testamentária cinquenta mil réis.
Declaro que o meu corpo será envolto no hábito de Nossa
Senhora do Carmo e enterrado na Capela mais vizinha do meu falecimento
do quilombo ou do Curral Novo e acompanhado pelo Pároco ou
Capelão das ditas capelas ou aonde suceder o que for mais
cômodo e com mais tres cléricos ou mais os que se puder
ajuntar para assistirem ao meu enterro e todos me dirão missas
de corpo presente e o oitavário e com ofício rezado em
cada missa e quatro missas dentro do oitavário que seja com a
obrigação de dizer em altar priveligiado pela esmola de
tres patacas (FL. 03V). Declaro que meu testamenteiro me mandará
dizer cento e vinte missas a saber cinquenta pela minha alma e vinte
pelas almas do purgatório e vinte pelas almas de meus pais e
parentes e trinta
pelas almas daquelas pessoas com quem tive trato e negócios
todas
estas de esmolas de seiscentos réis postas em pauta a metade na
Matriz
da Vila de Barbacena e a outra metade repartidas pelas Capelas do
Curral
Novo, Quilombo de Nossa Senhora das Dores e Santa Rita de Ibitipoca e
Santa
Ana do Garambéu e Santo Antonio de Bertioga e Nossa Senhora da
Conceição
de Ibitipoca passando certidão de todas e mais os sacerdotes que
as
disserem e sobre todos o Reverendo Vigário ou quem sus vezes
fizer.
Declaro que meu testamenteiro me mandará dizer mais na forma
acima
e na pauta na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte de Barbacena dez
missas
pela minha alma e na Capela de Nossa Senhora do Rosário da dita
dez
missas pela minha alma e assim mais vinte missas na matriz de Nossa
Senhora
da Piedade a saber dez ditas no altar Mor a ser cinco pelas almas do
purgatório
e cinco pela minha alma e cinco no latar de Nossa Senhora do Carmo e
cinco
no altar de Nossa Senhora dos Passos da mesma Matriz, todas pela minha
lama
e por todas em pauta acima digo. Declaro que no dia do meu enterro meu
testamenteiro
dará doze esmolas a doze pobres de trezentos réis cada
uma.
Declaro que meu testamenteiro dará a BERNARDA DIAS DE CARVALHO
trinta
mil réis. Declaro que devo a Nossa Senhora do Rosário do
Curral
Novo quatro oitavas que prometi para a ajuda do ornato de sua Capela e
a
Nossa Senhora do Carmo da Matriz de Barbacena doze mil e oitocentos
réis
que também prometi para ajuda da pintura de seu altar que
já
prometi a uns poucos de ano. Como também devo ao Senhor dos
Passos
da dita Matriz doze mil e oitocentos réis que prometi para ajuda
de
um setial para o altar do mesmo Senhor e sem poder pagar em minha vida
hei
de pagar e meu testamenteiro há de achar declarado nos meus
assentos
por ser dívida que tenho própria como também
pagará
todas as dívidas que eu dever que há de constar por uma
lista
assinada por mim os pagará sem contenda de justiça para
desencargo
meu que não fiquem tanto os prêmios e dívidas por
pagar
que confio no bom zelo e suas consciências. Declaro que de visto
da
demanda que trazia com a falecida ANA MARIA viúva de FRACISCO
PEREIRA
DA CUNHA ficando eu izento de pagar as custas (FL. 04). Declaro que sou
devedor
ao Capitão DOMINGOS GONÇALVES BARROSO resto de um
crédito
que me fazia o CAPITÃO DOMINGOS DIAS PEREIRA dívida que
era
do falecido meu Pai de que eu estava obrigado pela parte que me tocava
o
que constar ser verdade e ele pagou como também a dívida
do
falecido ANTÔNIO FRANCISCO FERNANDES a parte que me pertencia
pagar,
o dito BARROSO obrigou-se a pagar e era a parte que me pertencia pagar
e
pelo falecido meu pai que tudo o mesmo BARROSO pagou e para este
pagamento
meu testamenteiro venderá uma sesmaria que tenho na altura de
ANTONIO
MOREIRA livre e desobrigado e a venderá para pagar esta
dívida
o que for justo sem dever porque a dívida de ANTONIO FRANCISCO
se
acha a execução no cartório da Provedoria da Vila
de
São João e me toca a pagar a quarta parte do resto da
parte
que me tocava. Declaro que paguei ao SargentoMór JOSÉ
PEREIRA
ALVIM oitocentos e tantos mil réis o que constar da
execução
por meu irmão JOSÉ ALVES DE ARAÚJO que o dito
ALVIM
me fez de que eu era fiador do dito meu irmão, deixo esta
quantia
o que constar certo as minhas sobrinhas filhas do meu irmão
MANOEL
ALVES DE ARAÚJO : ANGÉLICA, MARIA, INÁCIA,
ANTÔNIA,
SEVERINA, ANA mulher de JOSÉ ANTÔNIO NOGUEIRA. Para que
seu
Pai ou meu testamenteiro diligenciar esta cobrança ficando as
mesmas
com o direito de adir esta dívida para elas pondo que lhe se
dê
todo o direito que tenho nesta dívida de arrecadarem e receberem
em
razão de toda a lei de direito que forem preciso para esta
arrecadação.
Declaroque tenho uma escrava por nome de Rosa crioula que pelos bons
serviços
que me tem feito e já ter sua idade e me ter servido com muito
amor
a deixo forra e liberta e ao filho desta chamado Luiz crioulo e outro
filho
desta por nome José e outro por nome de João filho
também
da dita os deixo todos os três forros e libertos de toda a
escravidão
sem embaraçode que também se dê passar carta aos
ditos
e pode este ser desencaminhado ficar por isso declarado no meu
testamento. Declaro que tenho um crioulo meu escravo filho da crioula
Rosa por nome de Francisco de idade de oito anos deixo em poder de meu
sobrinho VICENTE ALVES DE ARAÚJO e de minha sobrinha
VICÊNCIA MARIA DO ESPÍRITO SANTO padrinhos do dito crioulo
para educar e ensinar a ler e mandar ensinar algum ofício como
bons padrinhos farão este benefício a domá-lo
até a idade de vinte e cinco anos e completos que seja os ditos
meus sobrinhos padrinhos do dito lhe passará Carta de liberdade.
Declaro que tenho três escravos arrebatados em casa (FL. 04V) de
Dona QUITÉRIA MARIA viúva de VICENTE FERREIRA NEVES
um por nome de Gaspar e Domingos, Antônio Rebolo quero que meu
testamenteiro cuide em tirar um dos ditos por nome Gaspar pedindo a
dita Senhora que o entregue
recebendo cento e cinco mil réis tirados que digo casado com a
crioula
Rosa e casado que seja lhe passe carta de liberdade. Declaro que
satisfeitas
todas as minhas dívidas e legados e mais
disposições e por não ter herdeiro forçado
é minha vontade que dos remanecentes instituo por meus
universais herdeiros a meu irmão VICENTE
ALVES DE ARAÚJO e aos filhos deste meus sobrinhos VICENTE ALVES
DE
ARAÚJO e VICÊNCIA MARIA DO ESPÍRITO SANTO. Deixo o
tempo
de quatro anos para meu testamenteiro dar conta deste meu testamento. E
nesta
forma hei por findo este meu testamento, última e derradeira
vontade
e peço as justiças de sua Alteza Real de um e outro foro
deem
inteiro cumprimento e vigor se faltar alguma coisa ou cláusula
que
aqui vão expressadas os hei por expressadas como se cada uma
fizesse
evidual menção para o que pedi e roguei a JOSÉ
FRANCISCO
DOS SANTOS que este por mim fizesse e como testemunha se assinasse e eu
me
assinei com o meu nome. Nesta Fazenda do Pinheirinho aos 15 de Novembro
de
1815.
Assinado JOÃO ALVES DE ARAÚJO. Test.a que este fiz a rogo
do testador JOSÉ FRANCISCO DOS SANTOS.
FL. 05V
Data de abertura do testamento : 04/12/1815 em Barbacena.
FL. 93
Dizem o Alferes JOSÉ LUIZ DIAS por cabeça de sua mulher
VICÊNCIA MARIA DO ESPÍRITO SANTO e VICENTE ALVES DE
ARAÚJO herdeiros de seu tio JOÃO ALVES DE ARAÚJO
que eles querem dar quitação dos remanescentes da mesma
herança ...
FL . 95
Existe junto ao testamento uma procuração dos herdeiros
acima declarados, passada na Vila da Campanha, onde consta que
são moradores
da Freguesia do Cabo Verde, termo de Jacuí.
FL. 100
Diz ANA ANTÔNIA DE SÃO JOSÉ viúva que ficou
de JOSÉ ANTÔNIO NOGUEIRA, testamenteiro que foi de
JOÃO ALVES
DE ARAÚJO ...