INVENTÁRIO  E TESTAMENTO DO CORONEL JOSÉ VIEIRA DE ALMEIDA
 

Arquivado no Museu Regional de São João del-Rei na caixa C-49 que foi transferido da caixa  07/12

Número de folhas originais :

Inventariante : ANA MARIA DE OLIVEIRA

Inventário Redigido : Na Fazenda Favacho, Freguesia de Baependi

Data: 02/NOV/1782

Transcrito a pedido de : Moacyr Urbano.

Data da Transcrição :

Objetivo: Dados Genealógicos.  
         

Inventário dos bens que ficaram por falecimento do Coronel José Vieira de Almeida de quem é viúva Inventariante e Testamenteira D. Ana Maria de Oliveira.

 Provedoria (Escrivão) Godinho

     Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e dois anos aos dois dias do mês de novembro do dito ano nesta fazenda chamada do Favacho Minas e Comarca do Rio das Mortes em casas da mesma onde veio o Doutor Luís Ferreira de Araújo Azevedo Cavaleiro da Ordem de Cristo Provedor dos defuntos e ausentes Capelas e Resíduos comigo Escrivão ao diante nomeado (para) se proceder ao Inventário dos bens que ficaram por falecimento do Coronel José Vieira de Almeida que faleceu nesta fazenda e Freguesia de Baependi com seu Solene Testamento em o qual declara ser natural da Freguesia de São Francisco da Vila de Taubaté Bispado de São Paulo filho legítimo de João Vieira de Almeida ... a sua mulher Maria Rodrigues de Godoy já falecido e é casado com Dona Ana Maria de Oliveira de cujo matrimônio não lhe ficaram filhos e institui por herdeiros do resíduo da sua meação os filhos e filhas de Gabriel de Souza (Ferreira) (?) e os filhos e filhas de suas irmãs Maria Vieira e Domingas Vieira na forma e pela maneira que declara em seu Testamento em o qual nomeia por Testamenteira em primeiro lugar a dita viúva sua mulher que fez aceitação como tudo consta do Testamento que ao diante vai junto Comparecendo presente a dita viúva e Testamenteira Dona Ana Maria de Oliveira pelo dito Ministro lhe foi deferido o juramento dos santos evangelhos (em um) (?) Livro deles sob cargo lhe encarregou que jurasse em sua alma de bem e verdadeiramente dar a este inventário todos e quaisquer bens que por qualquer via ou título pertençam ao seu casal pena de que ocultando ou sonegando alguns incorrer nas que impõem as (leis) aos falsários e aos que sonegam bens a inventários e recebido por ela o dito juramento prometeu cumprir com as obrigações de boa inventariante e logo comparecendo presente Antonio de Pa... e Silva nomeado para avaliador pela viúva pela sua parte e João Francisco Junqueira nomeado para o mesmo fim pelo Doutor Provedor por parte da (terça) e herdeiros aos quais deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em um Livro deles sob cargo do qual lhes encarregou que jurassem em suas almas de bem e verdadeiramente segundo entendessem em suas consciências avaliarem os bens que fossem dados a este Inventário e recebido por eles o dito juramento assim o prometeram cumprir do que de tudo para constar mandou o Doutor Provedor fazer este auto que assinou com a viúva Inventariante Avaliadores e comigo Gabriel Marcos Godinho Escrivão da Provedoria dos defuntos e ausentes Capelas e Resíduos que ... escrevi

Azevedo

Gabriel Marcos Godinho

Ana Maria de Oliveira

Ano. de Paiva e Sa.

João Frco. Junqra”

(Transcrição da Folha 1 a 2)

“Translado do testamento que estava neste lugar

Em nome de Deus Padre Filho Espírito Santo Três Pessoas distintas e um só Deus verdadeiro Primeiramente encomendo minha alma a Santíssima Trindade … criou e rogo ao Eterno Padre a queira receber a Virgem Maria Mãe de Deus e Nossa Senhora Rogo queira ser minha Advogada e intercessora e a todos os Santos e Santas da corte do céu Anjo da minha guarda Santo do meu nome e aos das minhas especiais devoções me …carão roguem (?) e intercedam por mim nos al(hures) (?) e …s …(antos) da minha vida …a cont(a) (?) que (h…is) (?) dar no Tribunal Divino §  Eu José Vieira de Almeida estando em meu perfeito juízo e entendimento e com saúde e querendo dispor dos bens … que Deus Nosso Senhor (será) (?) servido dar-me p…(t)… … das verdades da Religião em que protesto viver e morrer como Católico Romano Disponho e faço o meu Testamento pelo modo seguinte § Sou natural e batizado na Freguesia de São Francisco da vila de Taubaté do Bispado de São Paulo filho legítimo de José Vieira de Almeida e de sua mulher Ana Rodrigues de Godoy já falecidos Sou casado com Dona Ana Maria de Oliveira de cujo matrimônio até o presente não tem havido filho nem filhos e assim não tenho herdeiros alguns forçados ascendentes nem descendentes § Para Testamenteiros desta minha última vontade nomeio em primeiro lugar a minha dita mulher dona Ana Maria de Oliveira em segundo e mais lugares aos senhores (João) (?) Pinto Ribeiro e Antonio Dias de Castro em a vila de São João a Manoel Freire e (o) (?) João Leite de Freitas na Cidade do Rio de Janeiro a José Pinto Dias e Bernardo da Fonseca Coelho a Antonio Gonçalves Ledo em a Vila Rica ao Coronel Afonso Dias e João Dias Pereira aos quais rogo sem demora (remeterão) (?) a entregar a minha mulher a todos rogo queiram por serviço de Deus serem meus Testamenteiros e a todos  e a cada um insolidum dou e concedo todos os meus poderes quanto por direito é necessário e os constituo meus bastantes procuradores benfeitores e administradores com livre e geral  administração para disporem de meus bens como lhes parecer mais útil a minha Testamentaria vendendo-a em praça (e) fora dela e (dela) (?) (deixo) quatro(centos) (?) … que (aceitar) (?) … meu Testamento e c… com o … c…r dele § Ordeno que o meu corpo seja sepultado como hábito de Religioso de meu Padre São Francisco na Capela de São José da minha própria fazenda da Freguesia de Baependi e todos os Sacerdotes daquele distrito (até) (?) a distância de quatro ou seis léguas me darão missa de corpo presente e me farão um Ofício de nove Lições e acompanharão meu corpo e por tudo se lhes pagará a esmola determinada no Regimento e falecendo eu na vila de São (João) ou em outro qualquer de (Minas) será a minha sepultura em Igreja da minha Ordem Terceira Franciscana e me acompanharão vinte até vinte e cinco sacerdotes e me darão Missa do (presente) (e) farão ofício (tudo) pela esmola do dito Regimento e não havendo … (sendo) (?) número de Sacerdotes se faça com os que puder ser e sendo o meu falecimento na Cidade do Rio de Janeiro ou no Bispado de São Paulo donde haja Conventos de São Francisco nele quero ser sepultado ou em Igreja da Ordem Terceira do mesmo Instituto e se … d… q…re… …sas (e se) (?) me faça ofício e acompanhamento que se pagará por tudo a esmola que nessa paragem for costume e em qualquer parte tocará cera que se gastar no meu funeral será de meia (libra) (?) e se levará em conta no que dar meu Testamenteiro § Os bens que possuo são adquiridos por minha indústria e trabalho e pelo Inventário que se fizer seja …(era) (?) o seu importe do cumulo e monte se tirará a despesa do funeral e se pagarão as dívidas do meu casal do que ficar líquido se fará a meação e muito de minha última vontade quero que os bens que da mesma meação me pertencerem se conservem em poder da minha dita mulher enquanto viva for e somente se dividirão por falecimento dela (e) sendo caso que ela se case se procederá logo sem a menor demora (a) (?) divisão e separação dos bens e com eles se satisfaçam e cumpram sem contradição alguma todas as minhas determinações § Ordeno se mandem celebrar mil missa por minha (intenção) no Convento de São Francisco da vila de Taubaté pelos Religiosos  do mesmo Convento (pela esmola) (?) (que) naqueles … (for) (?) costume assim se mandarão celebrar Missas segundo minha intenção por tempo de um ano na Capela de São José (ereta) (?) na minha própria fazenda na forma seguinte dez(?) primeiro mês depois do meu falecimento se pagará meia oitava de ouro por cada uma Missa e nos nove meses até completar o ano se pagará a quatrocentos e cinqüenta réis de esmola de cada uma Missa § Ordeno mais que no dito Convento de Taubaté se mandem celebrar duzentas Missas a saber cinqüenta pela Alma de meu Pai ou … cinqüenta pela Alma de minha Mãe e cem por Almas dos meus escravos falecidos pela esmola cada uma que naquele País se costuma tudo por sufrágio § Ordeno que no dia do meu falecimento e enterro se repartam cinqüenta mil réis aos pobres por esmola pelo Amor de Deus para que roguem ao mesmo Senhor por mim § Ordeno mais que por pessoas pobres de honesto procedimento moradores na Aplicação da Capela de São José da minha própria fazenda chamada o Favacho se repartam cento e cinqüenta mil réis por esmola e na Freguesia de Baependi donde sou Freguês se repartam cinqüenta mil réis por pessoa na forma já dita e em uma outra parte sem exceção de p…o… s… … (ainda) (?) o (procedimento) a (necessidade) e a impossibilidade de trabalhar e doença crônica tudo por esmola tudo por esmola pelo amor de Deus § Ordenam se remetam com a necessária e devida segurança duzentos mil réis a entregar a minha Prima e Comadre Maria Madalena Vieira moradora na vila de Taubaté (para) que a dita minha prima os reparta por pessoa de um e outro sexo pobres como são donzelas viúvas de honesto procedimento homens impossibilitados para trabalhar e enfermos e enfermas necessitados sem exceção sendo no procedimento e na impossibilidade tudo por esmola pelo amor de Deus e caso seja falecida a dita minha prima fará essa repartição pessoa da sua própria família que seja de reta consciência e temente a Deus e tanto desta determinação como de outras que tenho expressado haverá documento da sua execução podendo ser para a conta desta Testamentaria § Ordeno e determino de meus bens um conto de réis para reformar paramentos (vasos) (?) sagrados reparos e obras em aumento da dita Capela de São José da referida minha fazenda o qual dito conto de réis se distribuirão com aquela ordem governo retidão consciência que parece-me mante… em se deve procurar e encontrar (na Religião) (?) Católica § Ordeno que …os herdeiros do defunto Antônio Álvares que era natural de Viana filho de Ana Maria e do pai ignoro o nome se restituam cento e quinze mil réis e a Domingos Ferreira que foi morador no Rio de Janeiro ou a seus herdeiros se lhes restituam quarenta mil réis estas duas declaradas restituições quero se façam sem a menor dúvida para descarga da minha consciência e no caso de eu fazer contas (?) do meu falecimento deixarei clarezas por donde conste §  Declaro que me devem várias dívidas por créditos e outros títulos e dos meus livros de assentos as quais se cobrarão a todos aqueles que se acharem nos meus assentos Sendo os devedores pessoas pobres lhes perdôo e não se cobrarão de modo algum § Deixo a minha irmã Domingas Vieira trinta e dois mil réis e se for falecida passará esta deixa (?) a seu neto João (?) Pires de Vinhas e para o filho deste que é meu afilhado filho de minha comadre Ana deixo outros trinta e dois mil réis tudo por legado § Deixo a minhas sobrinhas Brizida e Maria filhas de meu cunhado Inácio Pedroso de Loyola e de minha irmã Maria Vieira duzentos mil réis a cada uma para ajuda dos seus dotes e a Clara filha do dito cinqüenta mil réis tudo por legado§ Deixo a minha afilhada (Ana) (?) Inácia filha do Sargento-mor Cipriano Gomes Viegas e de sua mulher Maria Magdalena Vieira moradores na vila de Taubaté quatrocentos mil réis por legado e quero que se lhe entreguem os ditos quatrocentos mil réis a dita minha afilhada assim que se casar § Deixo a minha sobrinha Guitéria Moreira casada com Bento da Silva (Taporica) (?) cento e cinqüenta mil réis e a seu irmão Inácio Vieira cem mil réis os quais acima ditos são moradores na Freguesia de Baependi e no caso de que qualquer deles seja falecido passarão estes legados aos respectivos filhos que cada um deles tiver § Deixo a minha afilhada Maria filha de meu compadre Gabriel de Souza Ferreira (?) e de minha prima Isabel de Miranda cento e cinqüenta mil réis e a José meu afilhado cento e cinqüenta mil réis digo afilhado cinqüenta mil réis e a Ana também irmã deste outros cinqüenta mil réis tudo por legado e são moradores no Arraial dos Carijós desta Comarca § Deixo a meus Compadres abaixo declarados o seguinte a meu Compadre Gaspar Vieira cem mil réis e sendo falecido a meu afilhado ou afilhada filhos do dito (a) (?) meu Compadre Antônio de Souza sessenta mil réis e a Antônio Vieira cinqüenta mil réis e sendo falecido passará aos filhos que cada um deles tiver tudo por legado e esmola os quais todos são moradores na Freguesia de Baependi § Deixo a Venerável Ordem Terceira de São Francisco desta Vila de São João del Rei duzentos mil réis para ajuda das obras de sua nova Igreja por esmola § Deixo forros e libertos livres de escravidão aos meus escravos Julião mulato e a Francisco Ferreir(o) com obrigação porém de servirem a minha mulher enquanto ela for viva e o negro Paulo o primeiro que comprei e mais antigo o deixo coartado na quantia de quinze mil réis que dando-os a minha Testamenteira (lhe) passará sua Carta de liberdade judicial e quanto o dito Julião e o Francisco falecendo minha dita mulher ficarão inteiramente desobrigados de toda a sujeição e com esta verba tirada por Certidão lhes ficará servindo de (título) como da mesma nota judicial de qualquer Tabelião § Declaro que a dívida que deve meu cunhado o Reverendo Padre Matias se passará na partilha para a meação de minha mulher § Ordeno que tudo o que tenho declarado de restituições missas funeral e deter…”

(Transcrição da pág. 41 a 49)